segunda-feira, 28 de abril de 2008

ASK - VERSION I (1986)

01- Ask
02- Cemetry Gates
03- Golden Lights
Com uma capa utilizando exatamente a mesma foto do single anterior (que havia sido lançado somente na Alemanha) "Ask" é uma música totalmente fora dos padrões dos Smiths. Na tentativa de responder às acusações de serem uma banda miserável, no sentido de que só compunham músicas depressivas, esse single traz uma música totalmente alegre e alto astral, que possui até mesmo guitarras que lembram aqueles temas havaianos e levadas tropicais. Mas por trás de uma letra aparentemente humorística sobre timidez, até mesmo temas como o holocausto nuclear estavam presentes (Mais tarde Morrissey voltaria a tocar no assunto com mais profundidade em "Everyday Is Like Sunday"). Uma música excelente que serve pra nos deixar apenas imaginando por onde mais a banda teria se aventurado musicalmente se não tivesse terminado tão cedo. O primeiro lado B desse single é a excelente "Cemetry Gates", onde Morrissey retrata suas impressões após visitar o Southern Cemetery em Manchester. Aqui o autor costurou várias referências literárias de forma brilhante e deixou bem claro seu amor pelo poeta Oscar Wilde. Os versos "All those people, all those lives / Where are they now ? / With loves, and hates And passions just like mine / They were born And then they lived /And then they died" resumem de forma assustadora os pensamentos do autor ao "passear" pelo cemitério. Fechando, temos "Golden Lights", uma música que apesar de meio renegada até mesmo pela própria banda (é uma cover de uma artista praticamente desconhecida dos anos 60 chamada Twinkle ) eu até que tenho simpatia por ela. Pra mim também é um pouco diferente do que a banda estava acostumada a fazer, e só pela novidade já vale a pena a inclusão nesse single. Johnny Marr mais tarde disse que os Smiths não tinham nada a ver com aquilo, deixando bem claro que essa cover gerou um certo atrito dentro da banda. Um dos primeiros sinais de que o fim estava próximo...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

SOME GIRLS ARE BIGGER THAN OTHERS (1986)

01- Some Girls Are Bigger Than Others
02- Frankly, Mr. Shankly
03- The Draize Train
Mais um compacto lançado somente na Alemanha, essa música que originalmente fechava o álbum "The Queen Is Dead" ganha seu próprio single. Uma faixa onde Johnny Marr não deixa dúvidas de que seu estilo de tocar guitarra é único e brilhante. Nos primeiros 30 segundos a música some e retorna em seguida, e reza a lenda que isso teria sido feito de propósito pelos engenheiros, para assegurar que a gravadora não deixasse de pagar pela mixagem ( O que seria uma prática comum, pois os engenheiros ficavam com a gravação sem esse defeito e enviavam essa como uma amostra do trabalho pronto, mantendo a faixa perfeita segura até o pagamento ser efetuado ). Acontece que o album estava tão atrasado que, por incrível que pareça, os produtores nem teriam checado a versão final, mandando para a prensagem com essa ondulação no áudio, que acabou fazendo parte da versão definitiva da música. Quanto à letra, segundo Morrissey ela não poderia ser mais literal: "Depois de 26 anos eu finalmente percebi que algumas mulheres são maiores que as outras, fisicamente falando." Como lado B, outra música do álbum anterior, a excelente "Frankly, Mr. Shankly", onde Morrissey atacava dessa vez a indústria fonográfica, como uma prévia do que viria a ser "Paint a Vulgar Picture" do álbum "Strangeways, Here We Come". Quanto à identidade do tal "Mr. Shankly", rumores dão conta de que seria o empresário Geoff Travis, mas nunca foi confirmado pelo autor. Completando, novamente a inesgotável "The Draize Train ".

domingo, 20 de abril de 2008

PANIC - VERSION II (1986)

01- Panic
02- There Is A Light That Never Goes Out
03- The Queen Is Dead (Take Me Back To Dear Old Blighty)
Essa segunda versão para o single de "Panic" foi lançada somente na Alemanha (Mais uma vez) e traz como lados-B duas músicas já presentes no álbum "The Queen Is Dead". Apesar de não conter nada inédito, esse single marca a primeira vez que a magistral "There Is a Light That Never Goes Out" aparece em um compacto da banda. Essa música é provavelmente a melhor produzida pela banda em sua curta existência. A letra é de arrepiar e o constante paralelo entre a vida e a morte é colocado de forma magistral durante toda a música, para finalmente explodir em um refrão meio macabro e lindo ao mesmo tempo. Para acompanhar essa verdadeira jóia que é a letra de Morrissey, Johnny Marr acertou em cheio em uma melodia espetacular, que vai construindo um clima para o refrão fantástico. Simplesmente a melhor música dos anos 80 na minha opinião. "The Queen Is Dead" entretanto já é um pouco mais complicada. Sempre vista como uma obra prima pela maioria dos fãs da banda, eu sempre tive um pouco de dificuldade para entrar no clima da música. Apesar do seu inegável valor ao criticar de forma incisiva a família real e todo seu teatro dos horrores, eu tenho pra mim que fica meio difícil para quem não vive (ou viveu) na Inglaterra entender completamente essa letra, pois ela fala de coisas muito específicas a quem viveu no Reino Unido. Certa vez, Simon Goddard (Autor do livro "Songs That Saved Your Life" que analisa profundamente todas as músicas dos Smiths) ao ser perguntado qual a melhor letra escrita por Morrissey na opinião dele, não teve dúvidas e apontou "The Queen Is Dead".

quinta-feira, 17 de abril de 2008

PANIC - VERSION I (1986)

01- Panic
02- Vicar In A Tutu
03- The Draize Train
Que essa música era uma verdadeira obra de arte e merecia mais destaque do que o lado B do single anterior todo mundo já sabia há muito tempo, mas foi apenas cerca de um mês após o lançamento do álbum "The Queen Is Dead" que a gravadora resolveu apostar na idéia. Essa versão é a mais comum e a que foi lançada tanto na maioria da Europa quanto no Brasil (Sim, houve uma época em que os singles existiam por aqui!), mas uma segunda edição (Que estará a disposição aqui no blog no próximo post) acabou chegando também ao mercado alemão, já que a banda também era muito popular por lá nessa época. Além da maravilhosa faixa título, a versão aqui em questão não trazia nenhuma novidade, mas nem por isso deixa de ser interessante. Já presente no recém lançado álbum dos Smiths, "Vicar In a Tutu" trazia um Morrissey que depois de atacar o sistema educacional, DJ´s e serial killers, dava sua cutucada na Igreja. Mesmo que sutil e de um ponto de vista levemente cômico a crítica está lá, lançando as bases para músicas como "Dear God, Please Help Me" e "I Have Forgiven Jesus" presentes em seus trabalhos mais recentes. Outra curiosidade sobre essa música é que em 1996, a revista Francesa "Les Inrockuptibles" elegeu "The Queen Is Dead" como melhor álbum dos anos 80 e lançou um Cd tributo chamado "The Smiths is Dead", que trazia na mesma ordem do álbum original, covers de todas as músicas por bandas em ascenção na época. Entre erros e acertos tinhamos como destaque justamente a versão do Therapy? para "Vicar In a Tutu" (Além de uma ótima releitura do Placebo para "Bigmouth Strikes Again"). Completando o single, a instrumental "The Draize Train".

domingo, 13 de abril de 2008

BIGMOUTH STRIKES AGAIN (1986)

01- Bigmouth Strikes Again
02- Panic
03- Money Changes Everything
04- The Draize Train
05- Unloveable
Primeiro single de 1986, "Bigmouth Strikes Again" saiu ainda antes do álbum "The Queen Is Dead", e já dava uma idéia do que estava por vir em sua faixa título. Uma música absolutamente contagiante, com um refrão irresistível e uma letra que é de um sarcasmo e humor característico dos melhores momento de Morrissey como compositor. Na sequencia temos "Panic", música escrita por Morrissey para o DJ Steve Wright, que logo após noticiar o trágico acidente de Chernobyl colocou no ar "I´m Your Man" do Wham! ( primeira banda de George Michael), uma música que tinha conotações sexuais e que não era digamos...apropriada para o momento. Futuramente o autor creditou a letra também a seu ódio pela música disco, que como ele diz na própria canção "Não diz nada sobre mim/Ou sobre a minha vida", tudo isso finalizado pelo inesquecível coro de crianças clamando "Hang The DJ". Um clássico da banda. Completando, além de duas músicas instrumentais "Money Changes Everything" (Talvez uma premonição sobre o futuro dos integrantes ?) e "The Draize Train", temos a bela "unloveable" que narra o ponto de vista de um locutor que acredita-se impossível de ser amado.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

THE BOY WITH THE THORN IN HIS SIDE (1985)

01- The Boy With The Thorn In His Side (single version)
02- Rubber Ring
03- Asleep
04- Oscillate Wildly
O lançamento desse single acabou sendo o último do ano de 1985 e de maneira arrasadora apontava a direção pela qual a banda seguiria daí por diante, servindo como uma espécie de aperitivo para o álbum que se tornaria a obra prima dos Smiths, o lendário "The Queen Is Dead", a ser lançado no ano seguinte. O que podemos dizer desse single? "The Boy With The Thorn In His Side" está provavelmente entre as três músicas mais conhecidas do grupo, e possui uma melodia irresistível, aliada à letra espertíssima de Morrissey que oscila entre a primeira pessoa do singular e do plural de modo a deixar o ouvinte incerto do que realmente se passa na cabeça do narrador. Excelente recurso literário empregado de forma brilhante. E o que dizer de "Rubber Ring"? Um recado direto e certeiro do autor em direção àqueles que teriam de alguma forma usado sua música para passar por momentos difíceis, e quando não precisaram mais a abandonaram sem o menor remorso. Frases como "But don't forget the songs That made you smile /And the songs that saved your life" e "And when you're dancing and laughing /And finally living /Hear my voice in your head /And think of me kindly" são de uma sinceridade emocionante. Uma jóia rara escondida como lado B de um single, só mesmo os Smiths para fazer uma coisa dessas. Noventa por cento das bandas daquela época dariam um braço direito para ter uma canção como essa no lado A. "Asleep" é mais uma pérola escondida, na tradição de canções mais intimistas da banda, dessa vez com o vocal acompanhado apenas de um belíssimo piano enquanto Morrissey descreve alguém à ponto de desistir de tudo e dormir profundamente. A versão japonesa desse compacto ainda traz a belíssima instrumental "Oscillate Wildly" para fechar com chave de ouro aquele que pra mim é um dos melhores singles dos Smiths. Perfeito do início ao fim.

sábado, 5 de abril de 2008

THAT JOKE ISN'T FUNNY ANYMORE (1985)

01- That Joke Isn't Funny Anymore
02- Nowhere Fast (live Oxford 18/3/85)
03- Stretch Out And Wait (live Oxford 18/3/85)
04- Shakespeare's Sister (live Oxford 18/3/85)
05- Meat Is Murder (live Oxford 18/3/85)
Enquanto na Holanda o lado A foi "The Headmaster Ritual", no resto da Europa a gravadora resolveu lançar outro single exatamente com os mesmos lados B, só que com outra música como carro chefe e outra capa. "That Joke Isn't Funny Anymore" é mais uma pequena obra prima dos garotos de Manchester, desde a guitarra rasgando entre os violões belíssimamente colocados, até o lirismo e a genialidade da letra. O final particularmente sempre me chamou atenção, com os versos "I've seen this happen in other people's Lives /And now it's happening in mine" repetidos inúmeras vezes até ser abafado pela banda de forma magistral. Esse single acabou servindo como o último para o álbum "Meat Is Murder", e as faixas ao vivo quase se tornaram um EP que se chamaria "Meat Is Murder Live EP", mas esse projeto acabou abortado pela gravadora e as faixas se tornaram lados B dos dois últimos singles do álbum. Em 2006 Johnny Marr declarou que na época achava que esse compacto ia estourar e torceu secretamente para que isso acontecesse por uns dois dias, mas depois acabou emperrando. Esse foi um dos singles de menor sucesso da banda.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

THE HEADMASTER RITUAL (1985)

01- The Headmaster Ritual
02- Nowhere Fast (live Oxford 18/3/85)
03- Stretch Out And Wait (live Oxford 18/3/85)
04- Shakespeare's Sister (live Oxford 18/3/85)
05- Meat Is Murder (live Oxford 18/3/85)
Esse single foi lançado inicialmente na Holanda, pois a gravadora optou por essa versão ao invés de "How Soon Is Now?" por lá, mas recebeu outras versões ao longo dos anos. Essa é a mais completa e relevante. "The Headmaster Ritual" é uma crítica feroz ao sistema educacional inglês, feita de uma forma que somente a genialidade das letras do Morrissey poderiam conseguir. Esse tema chegou a ser abordado algumas vezes mais tarde na obra solo do cantor, principalmente na sinistra "The Teachers Are Afraid Of The Pupils", do álbum "Southpaw Grammar" de 1995. Como lados B, quatro faixas ao vivo retiradas de um show em Oxford, na Inglaterra. Esse show foi gravado originalmente pela BBC e devo destacar as excelentes "Nowhere Fast" com mais uma pérola como letra, e um fabuloso trabalho de guitarra (provando que era possível reproduzir ao vivo o que Johnny fazia no estúdio, apesar de ninguém saber direito como ele conseguia isso) e "Meat Is Murder". Essa música, pra mim é uma caso a parte, pois sempre me impressionou muito. Existem casos de muitas pessoas que realmente se tornaram vegetarianas após ouvir essa faixa (a mais famosa delas sendo o próprio baixista da banda, Andy Rourke). O poder dessa letra, dessa música e principalmente da interpretação do Morrissey se já eram impressionantes em estúdio, ao vivo se transformam em algo inexplicável. Pra mim está entre as cinco melhores músicas da banda. Sempre que ouço chego a ficar incomodado e já me peguei muitas vezes pensando nessa faixa enquanto comia um trivial bife no almoço. Assustador e genial como só Morrissey consegue ser.